domingo, 25 de janeiro de 2009

Conformo-me

_Você terá que escolher entre isso ou eu. -Disse Linda para Gia encostada na parede e sentada no chão. Erguendo-lhe os apetrechos com a mão esquerda.
_Seus joelhos, sua pele... Seus dedos dos pés. -Disse Gia acompanhando com o rosto o corpo de Linda.
Elas se abraçaram, Linda estava feliz. Isso deveria dizer que Gia teria a escolhido!
Gia lentamente ergueu a mão esquerda pelas costas até alcançar seu apetrecho e tomá-lo da mão de Linda. Ignorando o desespero e o choro da mesma, levantou-se, guardou o apetrecho no bolso da camisa e direcionou-se à porta.
Foi embora.





É bonito.
É romântico.
É poético.
'Ou eu ou ele,
ou eu ou ela,
ou eu ou isso!'

Mas... E quando é: 'Ou isso ou nada?'
Escolher o nada seria coisa de maluco...
ou, talvez, coisa de uma alma desesperada em busca de sanidade.
Sim, sanidade e coragem.

Viver com o nada,
vomitar o nada,
suar o nada,
alucinar com o nada.
Até que o nada enche o saco,
e você começa a querer algo,
alguém.
Quer dar fim no vazio,
mas procurando algo que complete dentro da realidade.
E é possível?
Acho que não.
Consegue-se apenas uma terrível depressão
Após o abraço,
após o cheiro,
após o beijo,
de outra pessoa que não dá a mínima.

Viver com o nada,
em função do nada,
acompanhada com nada,
tirando forças do nada.
Onde a única pessoa que diz:
"Vamos! Você consegue! Eu sei que você consegue!"
Sou eu mesma.
Porque se eu não o fizer,
ninguém o fará,
e se eu me juntar ao 'ninguém',
Serei mais ninguém do que nunca!
Minha alma ficará atordoada e inquieta,
por estar morta E viva...
Apagada.

Mas que é chato é...
Nasci assim,
vou morrer assim,
só.

Escolhi o nada e nada tenho.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Quem fala.

Nostalgia,
insônia,
tristeza.
Eu quero e não quero,
posso uns mais do que quero.
Quero outros mais do que posso.
E meio a essa impraticabilidade toda,
fico vazio.
Será esse o fim dos insaciáveis?
Os insatisfeitos?
Ou simples seres que estão sempre no lugar errado,
na hora errada.

Sou eu,
quem não se encaixa,
quem não satisfaz.
Apenas um ser que cansou de escutar,
cansou de falar o que sabe,
doente e abstido.
não, eu não luto mais.
Empurro a vida pra frente,
espero o tempo passar.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Coisas de gente jovem.

Ninguém pode negar, não mesmo,
que a decência do ser vem do espírito.
Os espíritos estão velhos e cansados,
do inferno que é viver.
Ninguém pode dizer o que é certo ou errado.
As teorias enferrujaram com o tempo,
porque toda a vida escutamos coisas bonitas,
mas, sempre, o que vemos é cruel,
o que vivemos é difícil.
Ninguém pode dizer que nunca o fará,
porque o 'nunca' força a repensar,
o 'nunca' cria a vontade.
Ninguém pode julgar o tesão,
dizer o que é ético ou não,
o que é divino,
porque é hipocrisia em demasia.
São cabeças a induzir.
Se fôssemos divinos mesmo, nem estaríamos aqui.
Não podem dizer que somos pobres,
ou que nossa vida é fácil,
que as tristezas são hormônios,
o choro é banal.
Ninguém pode julgar pela idade,
achar-se mais maduro,
mais vivido.
Ninguém pode nos dizer o que fazer,
apoiado em doutrinas próprias,
ou em rituais de pessoas
cheias de um Deus cretino.
Não podem nos comprar.
Que coloquem o mundo contra nós,
que coloquem rótulos maléficos,
que criem expressões populares pra nos machucar.
Mas nunca, jamais, daremos ouvidos aos atrevidos
que dirão que é uma fase, que passará,
que esclarecerão a finidade, a fim de
nos impedir a amar.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Conforto

O que deve ser feito?
Não sei se vejo coisas, ou ando sozinho demais...
Se tenho um dom divino,
Ou se a paranóia me tomou... Mesmo sóbrio.
Eu quero fumar os cigarros até ficar tonto,
Mas minha garganta pede misericórdia,
Antes da menor sensação.
Eu sinto frio,
Ao mesmo tempo que minha pele está queimada.
Eu quero o silêncio,
Quero um silêncio absoluto em todo o mundo,
Mas eles falam,
As crianças gritam,
Os bêbados riem,
Os viciados correm,
Os amantes gemem,
E eu quero o meu silêncio!
Quero o meu tempo parado!
Mataria todos por isso.
Chego ao ponto de nunca estar satisfeito,
E não faço a mínima idéia do que fazer...
Do próximo passo...
O próximo estímulo.
Não sei se penso em você porque gosto de você,
Ou se é porque não tenho mais em quem pensar.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Desejo

Antigamente era mais fácil dormir,
Eu pensava e sonhava, acordada ainda,
Em todas as coisas que queria pra mim.
Só em ver e pensar, a loucura me vem,
Me sobe à cabeça.
O desejo era absoluto, de tudo e todos,
Que se hoje eu acordava com um deles,
Amanhã sonhava com outros.
E agora, o que me resta?
Não sei se estou doente, paranóica,
Ou apenas com uma alma apagada.
Eu nem sei mais o que fazer,
O que escrever,
Além de historinhas de ficção,
Que escrevi sem nem mesmo viver,
Frutos da minha imaginação.
Mas agora sim, eu já sei,
Tenho certeza,
Com todas as coisas que fazia,
E não tenho mais feito,
As sanguessugas estão furiosas comigo.
Meu corpo dói, e minha mente agitada,
Tudo que mais quero é uma boa noite de sono,
Com sonhos bons,
Um sonho longo e bom, sem ser interrompido.
Sem dor alguma, tragédias também,
Nenhum cansaço, banalização,
Quando eu sorrir, eles acreditarão,
Quando o amor chegar, eu não serei o cupido,
Ele chegará e me mostrará alguém irresistível.
Um sonho longo e bom sem ser interrompido,
Pra quando eu acordar, agüentar todo o dia de novo.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Falta-me um rim.

Maínha, eu acho que não vou voltar pra casa pro jantar.
É que eu conheci uma menina arretada, ela me disse assim:
‘baiano, eu não vou controlar. Se eu te agarrar, é porque estou bêbada.”
Daí, maínha, olha só o que ela fez comigo! Seu filho! Se perdeu de vez...
Ela passou por mim, no meio da noite, olhou, olhou, olhou, olhou,
E fez questão de olhar de novo,
Mas render que é bom...
Nada.

Eu entrei num quarto escuro, procurei onde sentar,
Achei que ia me dar bem, nessa noite vai rolar.
Eu aceito um streap tease, uma calcinha comestível,
Um fundo com fuck music, um ménage a troi.

Maínha, eu acho que não vou voltar pra casa pro jantar.
Eu cheguei bem perto dela, perguntei como é que é,
Se ela gosta de um pretinho, que faz O acarajé.
“Ah, eu até gosto sim, mas engorda que é um horror,
Bebe aqui essa bebida, eu vou ali, mas já volto!”
Daí, maínha, eu fiz como ela mandou, e tudo escureceu, eu fui caindo, caindo.
E nem me lembro mais, o que aconteceu,
Mas sexo que eu queria...
Nada.