terça-feira, 23 de setembro de 2008

Cada um por si

Tristeza é um encosto estranho que vem e te domina, faz-te fechar os olhos apertando as pupilas, faz-te sentir a raiva subir o peito. Quanto mais você quer não ligar pra isso... Mais você liga.
‘Hey loser! I’m your fucking conscience. I came here Just to say how I feel sorry for your shame.’
Tristeza é traição, é o perdão. É o desconforto para com os outros; é sentir-se só.
Imagine-se em um campo enorme de batalha. Todos correm para todos os lados com suas armaduras, espadas e ódio. Com medo, e matando uns aos outros.
Não te agrada pensar que não está só, pelo fato de que sim, você está só! Todos estão preocupados demais em salvar a própria vida. Perdendo a forma, todos estão desesperados demais, desespero qual transforma os homens em pequenos seres escandalosos e impensantes.
Está desesperado também, não é? Não sabe bem se preferia estar nesse estado. Tem medo de perder a vida, ou a honra. Muita coisa está em jogo.
Mas veja só, você não tem armadura, e você não tem espada alguma. Você não tem o ódio, e não sabe por que está ali.
Uns também estão vulneráveis, também se sentem nus. Uns tem das mais afiadas espadas, e das mais fortes proteções.
Mesmo os mais belos instrumentos de guerra tornam-se horrorosos meio ao cenário que causam. Mesmo os mais enfeitados guerreiros tornam-se monstruosos meio ao sangue, próprio ou de outros. Mesmo o mais perfeito código de honra torna-se um tanto cruel com seus sacrifícios. E até a medalha torna-se dolorosa mesmo merecida.
Isso é tristeza, isso é triste.
Imagine admirar alguém, essa pessoa é tão melhor que você, e só você vê... E gosta! Quer aprender com ela a ser assim também, afinal, vivemos para emancipar.
Você a ama, você a quer bem. Você a acha merecedora da felicidade que o mundo pode dar. A acha merecedora do reconhecimento alheio. Já que tu já reconheces. Agora... Imagine-se, por ela, traído.
Isso é triste, é tristeza.
Imagine achar-se correto, e fazer tudo como assim julga. Ser honesto, lutar da maneira nem sempre tão fácil quanto a dos outros.
Como é chato ter que sacrificar seu tempo pela sua ideologia, pelas suas crenças, por seus ídolos... Mas permanece resistente.
Você corre mesmo atrás de algo que julga bom. É difícil, é complicado. Agora... Imagine estar errado.
Triste Tristeza!
Imagine-se um gato, seu dono te criou com muito amor, você o ama, claro, e o têm todos os dias. Até em que seu dono acha um pequeno cachorrinho órfão e decide criá-lo.
O cachorrinho sabe entretê-lo muito mais, ele sabe expor mais o carinho, é mais grudento, mais submisso. O cachorrinho sai pra passear com ele quando ele quer, e você, gato, é caseiro demais, você é fechado demais, e só sabe demonstrar auto-suficiência.
O que te dói não é o ciúme, não é inveja. É apenas um sentimento de inutilidade... De incapacidade.
Dói-te ver o olhar do seu dono sobre o cachorro, e não sobre você, já que você, felino maldito, nunca o olhou de um jeito que o desse abertura para olhar-te de volta. E incomoda ver que não tem culpa... Apenas não aprendeu a parar de fechar-se.
O que te dói é querer ser como o cão, mas olhe só, você é o gato! Querer fugir de si, mas estar em todo lugar que vai.
Tristeza é ser assim. É agir assim. É viver assim, cada um com suas histórias. Cada um por si.

Um comentário:

Anônimo disse...

acho q vou roubar seu texto p/ meu profile do orkut..
vc me mata??