terça-feira, 16 de setembro de 2008

Smirnoffzinha


Eu estava pensando no que poderia escrever... Estive pensando em tantas coisas ultimamente que acabei por não conseguir expressar um pensamento apenas com clareza. Então cheguei a conclusão que teria que escrever sobre algo que predomina minha mente, e que me faria capaz de começar todo o raciocínio de novo.
Nada como falar de, nada mais nada menos que, saudade. É algo que depois de um tempo não dói da mesma maneira que doía no início. A dor tornou-se suportável e as lágrimas controláveis.
Volto a fazer o que fazia antes, mas de um novo jeito... Um jeito mais solitário, mais vazio.
Pode inibir-me o assunto, pelo simples medo de mais esse sentimento meu ser banalizado. Mas não, esse eu prefiro esconder do que ouvir algo desagradável ao momento!
Que saudades da minha gatinha! Ora essa, lembro-me bem de tudo que era de rotina. De correr atrás dela, De apertá-la até irritá-la. De tentar ouvir a tv meio aos seus ronronos. De tentar dormir com o nariz coçando por deitar-se ao meu lado. Tentar amarrar os sapatos enquanto ela tentava agarrar o cadaço, e veja só, agora que arranjei um jeito de deixar meu tênis eternamente amarrado, ela não está aqui nem mesmo pra reclamar.
Sim, dessas coisas lembro-me bem, mas apenas que fazia. Esqueci-me da sensação de tocar seu queixo, e sofrer seu jeito único de desprezo. Esqueci-me da textura dos pelos, e do corpo frágil. De como é bancar o retardado e não se sentir mal por isso. Digo isso porque realmente amava sair correndo atrás dela pela casa. Coisas carnais são tão inconstantes, mas não consigo satisfazer-me com memórias.
Talvez devesse ter ficado um pouco mais. Estava aguardando vê-la bem gorda daqui a um tempo, só pra ter aquele discurso de mãe dizendo que não percebeu a mudança pelo convívio. Queria ter passado por isso, porque é realmente muito bom ver que envelheceu, e ao meu lado.
Ah, gata inconveniente! Era tão cara de pau! Aprendeu exatamente com a mãe e a tia!
Fico triste por ter se despedido... Talvez se não, quem sabe, ela ainda estaria aqui.
Agora abro a porta brutamente, pois sei que ela não está atrás dela.
"E no mundo dos gatos, eles te tratam bem? Você tem seu wiskas sachê de peito de peru aí? Eu guardei sua bolinha, sei que não gostava muito dela porque ela era pesada demais pra suas patinhas, mas achei que talvez pudesse querê-la... Você tem com o que brincar? Tem com quem brincar?
Te desejo um sofá novinho pra você destruir. Eu te desejo um lugar bem alto pra você escalar e dormir lá no topo.
Fique com a paz, amor. O que precisar pode vir me pedir... Farei de tudo pra descobrir um jeito de te ajudar no que quiser."



Nobody said it was easy,
No one ever said it would be so hard...

Um comentário:

Anônimo disse...

saudade..
ainda doi tanto

=(